Há quem diga que dois dos maiores males são a estupidez e a ganância do ser humano. Eu prefiro não tecer comentários acerca da situação em que vivemos em 2025, mas uma coisa eu garanto: se tem um jogo que prova isso, é “Europa Universalis V” (Steam). Ao menos, no caso, a minha.
Não que eu tivesse a intenção de pôr a “teoria” à prova, mas o novo grand strategy da Paradox revelou rapidamente que, embora seja o quinto jogo da franquia iniciada em 2000, tem somente similaridades com o seu antecessor.
Tudo começou comigo no controle do reino de Nápoles em 1337, pouco mais de 100 anos antes de qualquer partida de “Europa Universalis IV”. Como eu havia coberto nas minhas primeiras impressões, a decisão da Paradox Tinto de alterar a data inicial coloca o jogador em uma situação um tanto peculiar em comparação a outros títulos. Primeiro, a Guerra dos 100 anos está prestes a estourar na Europa; segundo, logo atrás dela vem a peste negra.
Mas, para mim, Nápoles estava “longe” de tais dores de cabeça – ao menos de início – e eu tinha tantos problemas para resolver que era difícil pensar sobre o que a França e a Inglaterra estavam fazendo. Apesar de ter um forte mercado na região, Nápoles tem pouquíssimo controle sobre as províncias que não estão próximas da capital. Isso significa menor arrecadação de taxas, menor quantidade de bens produzidos, e maior chance de revolta de grupos da população descontentes com o meu reinado.
Veteranos de “Europa Universalis IV” podem ler o parágrafo acima e pensar: “Ah, Lucas, você fala então de desenvolvimento”? Não. O sistema de províncias de “Europa Universalis V” foi praticamente refeito e mais se assemelha ao de “Victoria 2” e “Victoria 3”. Os seus primeiros minutos com o jogo vão ser o suficiente para perceber a maior diferença entre o que era, e o que é “Europa Universalis”: a introdução de um sistema populacional.
Deixando para trás o sistema abstrato de “Europa Universalis IV”, cada província de “Europa Universalis V” é subdividida em populações das mais variadas classes sociais: nobres, clérigos, trabalhadores, burgueses, escravos e outros. Cada grupo possui características distintas, desempenho profissional, níveis de satisfação e necessidades específicas.

Atender a essas necessidades vai ser um processo contínuo ao longo de toda a partida de “Europa Universalis V”, mas essa não era a minha preocupação de início.
Afinal, quando a data de 1438 bateu na porta, a igreja católica decidiu iniciar uma cruzada contra o Egito com o intuito de tomar o controle da região da Palestina. Foi então que eu pensei: “E se, e se… eu participar dessa guerra e abocanhar alguns territórios do Norte da África nessa brincadeira?”.
Antes que você fale “Lucas, que ideia estúpida”, me escute. A minha ideia era tomar controle das regiões costeiras como Tobruque, e com muita sorte ajudar o Papa com cidades como Almançora, Alexandria e Dumiat, praticamente cortando o domínio do mercado da região para o Papa e Nápoles. Após isso, eu esperaria alguns anos, e tomaria o controle da região da Sicília.
Imagino que isso seja possível de se fazer em “Europa Universalis V”; quem sabe até aqueles mais experientes do que eu em “Europa Universalis IV” consigam fazer isso soar como “só mais uma guerra”. Pena que eu não levei dezenas de fatores em consideração antes de simplesmente jogar o meu exército na África do Norte e torcer pelo melhor.
Para começo, perdi cinco embarcações com soldados, o que reduziu o meu efetivo de 25 mil para 15 mil tropas, devido a uma tempestade em alto mar. Se isso não é começar com o pé esquerdo, eu não sei o que é.
O segundo desafio foi garantir que as minhas tropas tinham alimento suficiente para a longuíssima jornada e batalhas de Tobruque até Dumiat. Outro ponto que teria sido “tranquilo”, se não fosse pela distância até o porto mais próximo, a dificuldade das minhas embarcações chegarem lá sem esbarrar com metade da frota egípcia e perder uma meia dúzia de batalhas.

Lembra-se do que eu falei acerca do sistema populacional? Com a remoção da abstração de “Europa Universalis IV”, todos os sistemas de “Europa Universalis V” têm um senso de “fisicalidade” que nem mesmo “Victoria 3” conseguiu replicar de forma tão convincente.
É menos um jogo de estratégia onde você olha para um local do mapa, marcha um exército e toma controle como se fosse nada, e mais um processo que você tem que levar dezenas de fatores em consideração. Iniciar um conflito sem ter uma considerável reserva de ouro e uma economia forte pode – e vai – implicar em consequências desastrosas. Ou, no meu caso, se enfiar no meio de uma cruzada na qual você não tem nada a ver.
A perda das embarcações foi o pontapé inicial para ver a minha economia começar a sucumbir. Eu já havia tido um “gostinho” do que era essa perda nas minhas impressões iniciais, mas dessa vez a dor foi ainda maior. Nápoles começa somente com duas províncias que produzem peças para navios — ambas delas extremamente distantes da capital e com um controle baixíssimo, cerca de 30%. Metade das minhas embarcações estavam no porto aguardando materiais, e eu não conseguia avançar a construção de mais embarcações pela falta de materiais.
Os meus soldados mostravam uma competência razoável em tomar a região costeira do Norte da África, mas sabia que isso não ia durar muito tempo. Com pouco acesso a alimentos, o tradicional sistema de “atrito” — já presente em versões anteriores do grand strategy — faziam com que cada batalha fosse uma de vida ou morte.
Eu preciso fazer uma pausa na minha história para apontar o quão absolutamente fantástico é o novo sistema de combate de “Europa Universalis V”. Fortemente inspirado por “March of the Eagles”, ele agora utiliza mecânica de flanco com maior eficácia. Se você é uma daquelas pessoas que sonha em micro gerenciar cada pedacinho do jogo, vai amar travar batalhas.
Foi graças a ele, e uma boa dose de sorte, que quando um exército de mais de 30 mil soldados do Egito veio tentar tomar a cidade de Dumiat de mim, bateram em debandada. Os Estados Papais tinham feito um “sanduíche” no Egito, e praticamente cortado as chances desse exército se recompor a tempo.

Em outras circunstâncias, eu imaginaria que uma batalha de 30 mil tropas contra as minhas meras 15 mil tropas ia ser o mais puro desastre. Mas, o flanco esquerdo dos egípcios foi dizimado, e fez com que as minhas tropas avançassem pelo centro e dizimassem aqueles que ficaram para ver como a batalha ia acabar. Uma linha de defesa competente, bônus de estar próximo a uma cidade e flancos fortes resultaram em mais de 10 mil mortes egípcias contra menos de 3 mil das minhas tropas.
Eu poderia escrever mais uns três ou quatro parágrafos sobre a quantidade de vezes que eu desacelerei “Europa Universalis V” só para ver como uma batalha ia se desenrolar. Como alguém que sentiu falta do sistema de “March of the Eagles”, e em partes, de “Imperator: Rome”, vê-los ressurgir me enche de alegria.
Mas não havia tempo para alegria, ao menos não na minha partida de Nápoles. Embora a batalha estivesse ganha, a guerra estava muito longe de acabar. E, quanto mais ela se arrastava, mais os problemas da minha nação batiam na minha porta.
A esta altura a cruzada já durava pouco mais de 10 anos, mais do que eu havia imaginado, e o sistema de Estates retorna com força total em “Europa Universalis V”. Enquanto o clero estava contente com as minhas ações, a nobreza e os burgueses estavam “ligeiramente” insatisfeitos.
Parte desse descontentamento vem de uma situação especial para Nápoles, a rivalidade entre os guelfos e os gibelinos. Os Guelfos apoiavam o Papa, e os Gibelinos, o Sacro Império Romano-Germânico. Vamos dizer que quando eu falei que não ia devolver certas províncias como Florença, a insatisfação desses grupos só aumentou.
Mas o cerne do problema vai muito além de meras rivalidades entre nações, ou o fato de que eu decidi ficar com Florença. “Europa Universalis V”, como eu apontei antes, é acima de tudo um grand strategy que coloca simulação em primeiro lugar. Nobres que moram em regiões com difícil acesso a bens de consumo aumentavam o descontentamento daquela parcela da população.

A preocupação que eu não tinha de “início” acerca do controle de uma região ou acesso a bens virou uma dor de cabeça enorme. Com os meus cofres quase vazios após anos em guerra, eu não tinha dinheiro para construir estradas para diminuir o tempo ou facilitar acesso a estes bens de consumo.
Esses bens viriam primariamente da capital Nápoles que, pouco após eu ter notado o quão grave era a situação e a possibilidade de revolta, foi atingida por uma tempestade. Construções foram destruídas e milhares de pessoas morreram. “Era o que me faltava”, disse em voz alta. Quando não é a peste negra, é isso. Isso resultou em uma perda gigantesca da população que fazia o transporte dos bens do mercado de Nápoles para outras partes do país.
Eu queria muito dizer que eu entendi o sistema de mercado de “Europa Universalis V”, mas mesmo após mais de 60h, eu ainda luto para entender as dezenas de nuances. Ele é extremamente dinâmico e opera não só com base na oferta e demanda, mas é afetado por eventos migratórios, doenças ou desastres naturais.
A destruição em Nápoles praticamente fez com que a minha tela explodisse de notificações no canto inferior e superior que apontavam as dezenas de fábricas ou operações para obtenção de matérias-primas que não estavam funcionando em sua total capacidade. “Claro que não estão, uma porrada de gente morreu!”, eu retruquei como se o jogo fosse me responder. Na maior parte do tempo eu decidi automatizá-lo – outra diferença crucial entre “Europa Universalis V” e qualquer outro jogo da Paradox.
Como alguém que tem pavor com sistemas de automação, o que a Paradox Tinto conseguiu com o de “Europa Universalis V” não é nada mais, nada menos, do que um milagre. Ele é granular o suficiente para você não perder o “controle” da sua nação, e competente ao ponto de ser comparável ao de jogos como “Distant Worlds: Universe” — até então a minha referência de automação em jogos de estratégia.
Ele é especialmente útil não só para mercados, mas para quem quer se focar em uma parte do jogo e deixar o restante de “lado” por alguns minutos. Eu mesmo o utilizei quando me senti sobrecarregado com a multitude de questões diplomáticas de Nápoles que surgiam enquanto eu tentava encontrar um jeito de tirar o meu exército da África do Norte, após decidir pular fora da cruzada, e fazer com as tropas voltassem para a sua vida civil (vale apontar que eu estava em 1440, exércitos profissionais ainda estavam em um processo de serem estabelecidos). O retorno de 15 mil tropas para a vida civil aliviaria, e muito, o desastre que ocorreu na capital e garantiria a reabertura de fábricas.

Ele não é, no entanto, isento de problemas. E o maior que percebi durante as minhas partidas foi a má designação de diplomatas no que tange a nações que podem se tornar possíveis aliadas ou não.
Em dado momento notei que um dos meus diplomatas havia sido enviado para o Beilhique de Mentexe para melhorar a opinião deles, e quem sabe virar um possível aliado. Eles não só eram de um grupo religioso diferente, uma cultura diferente, mas já tinham um gigantesco antagonismo contra Nápoles, o que os colocava com -97 de opinião. “Bicho, o que você está fazendo aí, volta para cá, que perda de tempo”, resmunguei. Essa não seria a primeira vez — nem a última — em que eu teria que interferir nas decisões diplomáticas do sistema de automação.
Mas, como disse acima, a sua granularidade me venceu no fim das contas. Estava cansado de abrir e fechar fábricas? Automatizo o sistema para lidar com outras dores de cabeça. Estava em dúvida de como avançar o controle de uma região? O sistema de automação tipicamente me colocava no caminho correto.
Isso não quer dizer que “Europa Universalis V” precisa ser jogado com o sistema sempre ativo. Aliás, acredito que os fanáticos por microgerenciamento vão abandonar o sistema assim que possível, e iniciar e pausar partidas para ajustar os mínimos detalhes.
Mas não importa a quantidade de automação ou ajustes, “Europa Universalis V” é um ser muitíssimo diferente de seu antecessor. Se “Europa Universalis IV” era sobre ser uma entidade poderosa que cedo ou tarde ia “pintar” o mapa com as suas conquistas territoriais, “Europa Universalis V” é um conjunto de sistemas assustadoramente complexos que interagem entre si e nunca de fato vão te colocar em uma posição completa de vantagem.
No topo desses sistemas há um componente que estava até então ausente nos jogos anteriores, ao menos na mesma “grandeza” que aparece em “Europa Universalis V”: os próprios líderes. Se antes eles eram somente modificadores, alguns deles possuem linhas de eventos e traços mais fortes que influenciam ainda mais a forma que uma nação aliada ou inimiga te vê. Não chega a se transformar em um “Crusader Kings 3” — mas ignorar características pessoais e dinastias é pedir para ter uma dor de cabeça.

É um processo de adaptação e, confesso, que nem eu depois de tantas horas me senti completamente confortável. São mais de 10 anos sentado olhando para o mapa de “Europa Universalis IV” e pensando qual seria o meu próximo alvo de guerra. Agora eu tenho centenas de outros elementos para levar em consideração antes de iniciar qualquer empreitada.
E, por falar em mapa, que mapa que a Paradox Tinto conseguiu criar para “Europa Universalis V”. Não digo só em número de províncias, mas na riqueza em detalhes, eventos e diferentes situações para nações.
Uma nota sobre o desempenho de “Europa Universalis V”
A versão de “Europa Universalis V” utilizada para a confecção dessa crítica passou por várias atualizações. Houve problemas de instabilidade no começo e, em parte, uma certa tendência da IA de ser bastante passiva. No entanto, a maioria desses problemas foram sanados – ao menos até onde pude ver – na versão 1.0.
É possível que, se o seu computador atenda apenas os requisitos mínimos (Intel Core i7-8700K | AMD® Ryzen 5 3600 / Nvidia GeForce™ GTX 1060 (6GB) | AMD Radeon RX 580 (8GB) e 16GB de RAM) você tenha um carregamento inicial bastante longo, com fluidez na velocidade 4.
Não tive problemas de desempenho na minha máquina (AMD Ryzen 9 9950X3D / GeForce RTX 5090 e 128GB de RAM), mas entendo que essa máquina está muito além da média dos brasileiros.
Também testei o jogo em um Intel Core i7-8700K, uma GeForce RTX 3080Ti (12GB) e 64GB de RAM, e notei um tempo de carregamento inicial mais longo. A exceção foram os anos finais do jogo na velocidade 5, onde ele deu uma ligeira engasgada devido às múltiplas guerras que ocorriam por todo o mundo. O jogo estava instalado em um SSD em ambos os PCs.
Ainda que essa crítica tenha se focado primariamente na minha partida de Nápoles, eu também tive partidas nas quais estabeleci colônias como a Espanha – colônias que desta vez possuem regras e um sistema de imigração específicos –, vi o sultanato de Déli ser devastado por uma tempestade, o que fez com que a minha guerra contra Yuan (por que eu me enfio em tantas guerras sem pensar antes?) tivesse que ser abandonada. Vi o Japão se fragmentar mais uma vez no período Sengoku, com um sistema de honra e mecânicas exclusivas para a nação no geral.
Nem posso dizer que as suas partidas vão ser “iguais” às minhas, considerando a natureza dinâmica de “Europa Universalis V”. Pode ser que você consiga conquistar Yuan sem grandes dores de cabeça e tenha a sorte da nação inimiga entrar em guerra com outro poder da região ou sofrer uma rebelião interna. Talvez o exército deles acabe sendo dizimado por uma doença e você encontre pouca resistência. Esse é o grau de simulação que a Paradox Tinto foi capaz de implementar.
Eu sequer cogito mencionar a completa “zona” que é o Sacro Império Romano-Germânico e as ramificações da região após a reforma protestante, as dezenas de batalhas que travei ao longo das principais eras de “Europa Universalis V” — da era das “Tradições” até a era das “Revoluções” e a data final do game, 1836.
Alguns dos países, como a Ordem Teutônica, possuem suas próprias peculiaridades na árvore de tecnologias, chamada agora de “avanços”. Algumas tecnologias são compartilhadas entre grupos religiosos, formas de governo, ou únicas da nação.
O que quero dizer é que “Europa Universalis V”, ao menos no que tange a conteúdo, não tem como ser comparado a qualquer outro jogo da Paradox. O mais próximo que o posso colocar é ao lado de “Europa Universalis IV” após a expansão “Mandate of Heaven” — e ainda assim o antecessor ainda carece de dezenas de mecânicas, inclusive as mais básicas neste jogo.

Claro que, como todo lançamento da Paradox, há áreas que carecem de conteúdo, ainda mais um jogo dessa magnitude. As regiões mais afetadas são as Américas, cujos indígenas possuem sistemas de governo que, embora “funcionem”, estão muito longe de serem adequados para a realidade da época.
O fato de você só poder começar as partidas em 1337 e não em datas mais avançadas também é ligeiramente decepcionante, ainda mais para aqueles que gostam de jogar em períodos específicos, ou que querem pular de cabeça na era das navegações ao invés de ter que lidar com a Peste Negra.
Apesar dos pesares, há um ponto-chave — um preço — que eu não sei se todo fã de “Europa Universalis” está pronto a pagar: a assustadora curva de aprendizado.
Tal como mencionei acerca do sistema de mercado, dizer que eu tenho algum tipo de domínio sobre “Europa Universalis V” seria uma completa mentira. Sinto que eu já consigo perfurar a superfície, mas não estou nem perto de planejar um “domínio mundial” como fazia em “Europa Universalis IV”. Eu iria quebrar a cara, no mínimo, centenas de vezes.
O que não ajuda é o sistema de tutoriais – ainda o calcanhar de Aquiles da Paradox. Eu diria que ele é o segundo melhor de todos, dada a complexidade do grand strategy, ficando apenas atrás de “Crusader Kings 3”. Mas levando em conta a imensidão de mecânicas e o período que ele abrange, é praticamente impossível abordar todos os temas. Ele vai te guiar pelos passos iniciais, mas você vai estar por conta própria a partir daí.
O alívio vem do excelente sistema de “tooltips”, também estabelecido por “Crusader Kings 3” e expandido para abranger as mais diferentes facetas e mecânicas de “Europa Universalis V”. Use-o sem medo de ser feliz. Eu não teria passado dos 50 anos iniciais se não fosse por ele.

Quando a Paradox começou, lentamente, a revelar “Europa Universalis V” – na época ainda chamado de Project Caesar – eu me perguntei: “É sério que ela vai enfiar praticamente todo o sistema de Victoria 3? Eles estão loucos?”. Mesmo após ter jogado o suficiente para escrever as minhas impressões iniciais, estava hesitante. “E se o sistema de automação não funcionar”, ou “O que será que eles vão cortar e vender como DLC”, “Duvido que o sistema populacional funcione direito com todas essas outras mecânicas”, foi o que passava na minha cabeça.
A Paradox vem de uma era de deslizes. Uns pequenos, como alguns DLCs de “Stellaris”, outros gigantescos como “Leviathan” para “Europa Universalis IV”, sem contar um 2023 e 2024 desastroso para “Hearts of Iron IV”. Estar cético sobre um novo lançamento da desenvolvedora não é nada mais do que natural a esta altura.
“Europa Universalis V” excedeu todas as minhas expectativas. Não é só um ótimo sucessor para um dos melhores grand strategy que a desenvolvedora já produziu; ele eleva o gênero para um novo patamar. Um que agora é reinado pela simulação ao invés da abstração, que transforma até as partidas mais “simples” em momentos de tensão, felicidade, e muito drama.
Foram esses momentos que me fizeram me apaixonar de início pelos seus títulos, e, sinceramente, eu não imaginei que ela iria voltar ao que era antes. Talvez ela não tenha voltado inteiramente, mas se “Europa Universalis V” for algum indicador, que seja o indicador de um início de uma nova era, uma era definida por lançamentos estrondosos e fantásticos, e menos por DLCs apressados e decepcionantes.
Europa Univeralis V
Total - 9.5
9.5
Como alguém que estava cético, “Europa Universalis V” superou todas as minhas expectativas. É ambicioso, dolorosamente e deliciosamente complexo, e não tem medo de tirar um pouco de “agência” de você se isso significar te colocar em uma situação difícil. É mais do que um prato cheio; é um banquete para quem gosta de “pintar mapas” — seja pela guerra ou seja pelo domínio de mercado. Boa sorte aprendendo-o, você vai precisar.

