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Análise – Crusader Kings 3: All Under Heaven

Lucas Moura por Lucas Moura
3 de novembro de 2025
em Análises
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All Under Heaven

Quando “All Under Heaven” (Steam) foi anunciado para “Crusader Kings 3”, a minha primeira reação foi: “Ah, finalmente vou poder jogar com a China e outros países da Ásia, já estava mais do que na hora. Não sei o porquê de ele não ter sido lançado com eles de início”. Agora que joguei o suficiente para escrever sobre, eu entendo perfeitamente o motivo: seria uma imensa dor de cabeça, tanto para a equipe da equipe da Paradox, como para os jogadores.

A maior atração de “All Under Heaven” é, obviamente, a possibilidade de escolher – ou criar – um personagem e vivenciar as diferentes eras, mudanças dinásticas e desafios culturais e religiosos da Ásia.

O mapa agora se estende até as terras mais distantes do pacífico, englobando a Indonésia e parte de Papua Nova Guiné, e os principais governos da região estão representados com as suas diferentes doutrinas, métodos de administração e culturas. A Paradox, no entanto, não esconde que ela deu um enfoque especial para a China e o Japão – os mais ricos em termos de eventos, mudanças drásticas no tipo de governo e interação entre os personagens.

A China em si é uma entidade assustadora que utiliza um novo tipo de governo chamado “Celestial”. Ele tem algumas similaridades com as mecânicas do sistema administrativo introduzido pela expansão “Roads to Power”, mas traz as suas próprias distinções.

Ascender na China de “Crusader Kings 3” não diz respeito somente a guerra, mas sim a mérito – um “valor” que define a sua competência burocrática. Quanto maior for o seu mérito, maior as suas chances de que o governo da China te dê controle de certos territórios. Você pode começar com um pequeno condado e acabar uma partida no controle de um dos diversos reinos que formam a China no período.

Sistemas de governo do Japão são divididos entre um foco militar e outro mais administrativo. Só… evite a ira do Imperador.

Eu devo ter criado pelo menos umas dez novas linhas de expressão na minha testa e ao redor dos meus olhos do tanto que franzi e apertei a minha vista para tentar entender o sistema.

Ao invés de seguir a recomendação do jogo e começar com um personagem pré-definido, decidi ser o teimoso que sou e criar o meu personagem. Diga olá para “Han”. Sim, um nome muito criativo, mas o único que eu conseguiria pronunciar em voz alta sem gaguejar ou pensar “estou pronunciando errado”.

Eu não tinha muitas ambições. Queria subir na hierarquia, estudar, e ter filhos. Comecei com um simples condado e tinha como principal ambição ao menos ser governador de uma província. Um reino inteiro? Seria demais para mim.

Ou seja, eu precisava elevar o meu mérito. Aumentar o mérito requer estudo, muito estudo para aumentar as suas chances de ser escolhido pelo imperador. Você precisa participar de exames, ter orientação de outros personagens, e torcer para que o seu próprio personagem não seja um completo idiota e esqueça algo crucial na hora de fazer um dos exames.

Estudar os ensinamentos de Confúcio é o mínimo do mínimo se você quer obter mérito dentro do sistema dinástico chinês. Exames são a base para obter mérito, mas mais do que isso, saber navegar o complexo sistema burocrático é essencial.

All Under Heaven

Afinal, não é só você que quer abocanhar uma fatia da China para chamar de “sua”: outros tantos personagens estão na “corrida” e vão fazer de tudo para reduzir as suas chances — de “colar” nos exames a tentar desacreditar o seu conhecimento, forjar documentos falsos, e por aí vai.

“All Under Heaven” demonstra o quanto o sistema de interação entre personagens evoluiu desde o lançamento de “Crusader Kings 3”. Eu conto nos dedos a quantidade de vezes que eu liderei um exército no tempo que tomei controle de personagens na China. A maior parte do tempo ,“Han” viajou pelas províncias para participar de exames, tentar criar laços de amizade com outros personagens mais poderosos, ou jogar para baixo aqueles que tentaram ultrapassá-lo na corrida para governador. Isso incluiu um de seus irmãos, o que não desceu muito bem com a família e fez a minha esposa ficar furiosa (a do jogo, não sou casado na vida real).

Como alguém que ficou mais do que acostumado a movimentar exércitos pela Europa, a mudança de ritmo da China é muito bem-vinda, mesmo que algumas das suas mecânicas ainda sejam um pouco obscuras para mim.

Uma dessas mecânicas é o ciclo dinástico, que tenta simular a ascensão e queda de dinastias na região e como cada uma vê o futuro. Algumas dinastias vão se voltar para melhorar a infraestrutura, enquanto outras vão se preparar para a guerra e expandir o território assim que possível.

A questão é que o ciclo nunca é totalmente bem explicado no que tange a sua duração – ou ao menos não possui notificações o suficiente – para não te pegar desprevenido. Imagine a minha felicidade quando consegui, depois de anos tentando, estabelecer um casamento real entre o meu filho e a filha do imperador. “Agora sim eu vou subir na vida”, pensei. Bom, aí o reino entrou em guerra, o imperador foi morto, um novo imperador surgiu em seu lugar e a filha perdeu todos os títulos que tinha. Bem, ao menos estavam casados, não é mesmo? Apesar de um casamento decidido quando ambos tinham 10 anos, não me parece um relacionamento saudável.

All Under Heaven
Nem todo funeral é para chorar.

Apesar de eu criticar a falta de notificações, ao menos o ciclo dinástico dá uma direção para os personagens – que claramente não se chamam “Han” – para seguirem as suas ambições. Há dezenas de movimentos políticos com que você pode se alinhar, uma multidão de pessoas que vão se tornar as suas amigas e inimigas, é o mais puro suco de “Crusader Kings 3”. Em teoria, aqueles mais inteligentes do que eu no que diz respeito a navegar a complexidade da China podem se tornar até líderes de tais movimentos, feito que eu nem ousei tentar pois o conceito por si só me deixava tonto.

É importante, no entanto, salientar que esses sistemas só funcionam pelas dezenas de adições que no passado  julguei como “desnecessárias”. “Wandering Nobles”, por exemplo, tem um profundo impacto em como donos de condado e governadores funcionam na China graças a sua mecânica de inspecionar e buscar aprimoramentos. É uma das mecânicas mais úteis quando o tema é obter dinheiro para influenciar ou “patrocinar” um movimento político.

Da mesma forma, “Tours & Tournaments” é praticamente a base que cria toda a base de governança da China. Exames nem sempre são sediados na sua província, e creio que não me lembro de ter feito tantas caravanas em uma só partida quanto fiz com “Han”.

Uma pena que, em uma delas, ele pegou tuberculose, e veio a óbito pouco tempo depois de sua esposa. E se você imaginou que a minha dinastia ia seguir com o meu filho, o coitado pegou tuberculose meses depois. Outra vez: mais “Crusader Kings 3”, impossível.

Se a China já foi difícil de aprender, o Japão não fica muito atrás. O país é dividido por dois tipos de governo, o Ritsuryō e o Sōryō. O Ritsuryō se assemelha ao sistema celestial da China – ou seja, mérito, influência e uma posição administrativa são os seus principais pilares. Já o Sōryō é mais próximo do feudalismo na Europa, mas com um sistema de governo mais independente e maior “autonomia”.

Rota da seda: será ela o caminho para republicas mercantis?

Coloco autonomia entre aspas, pois chamar de autonomia é um certo exagero da minha parte. Primeiro que o Japão é dividido em blocos formados por alianças entre famílias, e o líder dessa família tem real autonomia, mas ainda tem que respeitar os dizeres do imperador. Comece com muita “gracinha” — e por “gracinha” digo tentar iniciar guerras, abocanhar território a torto e a direito — e você vai ver a ira do imperador bater na sua porta.

Claro que eu, com fome de território, pensei que nada aconteceria comigo como Kiyohara Takenori. “É só um territóriozinho”, pensei como aquela pessoa que vai no bar e toma só mais uma “rodadinha”. Aquela “saideira”. Saideira, essa, que de um território viraram dois, três, e meu personagem foi preso pelo imperador. Minha casa sucumbiu à desgraça, vi meus aliados serem dizimados por outras casas e o Japão entrar em guerra. Nem 100 anos haviam se passado e ser ambicioso demais já havia transformado quase que completamente a cara da região.

Outra vez, o que faz o Japão brilhar são as fundações estabelecidas por um sistema de situações mais robusto – que já vem evoluindo nos últimos anos – e o sistema de “Struggles” implementado pela primeira vez em “Fate of Iberia”.

Nada, mas absolutamente nada te prepara para um furacão destruir parte das suas províncias ou um terremoto fazer com que um contingente do seu exército seja usado para assistir com reparos ou prevenir possíveis inundações pela construção de barragens temporárias. Vale apontar que esses desastres naturais podem ocorrer em praticamente qualquer país e não estão limitados à região da Ásia.

As fundações citadas nas duas regiões anteriores são as mesmas que fazem com que o sistema governamental Mandala – presente em Angkor e outras regiões do sudeste da Ásia – seja tão intrigante de descobrir. A interconexão entre religião e dinastias sempre foi um dos pontos fortes de “Crusader Kings 3”, mas só agora que eu a vejo tomar frutos como eu havia sonhado no seu lançamento.

Governo de mandala é uma das adições mais interessantes de “All Under Heaven”, embora uma das mais difíceis de compreender.

Claro, sempre foi divertido criar uma religião divergente e se separar da igreja católica. Gerar tensões entre múltiplos personagens e fazê-los se juntarem a sua religião era um dos meus pontos favoritos durante as minhas partidas iniciais, mas com o tempo ele foi perdendo a força.

Agora, jogar como Angkor e aumentar a sua “radiância” e “roubar” tributários de outros líderes, pois você está mais próximo de ser uma divindade na terra? Quem é o Papa perto desse tipo de governo?

Assumo que, dos três (ou quatro se você considerar que o Japão utiliza dois tipos de governo separados, e regras específicas e outros tantos pormenores), o Mandala foi o que eu menos joguei por ter menos afinidade com a região e até faltar conhecimento histórico da minha parte. É um que eu planejo revisitar no futuro assim que aprender mais sobre como a região evoluiu ao longo dos séculos, e compreender melhor a enormidade de eventos que foram incluídos com “All Under Heaven”.

E isso tudo sem sequer citar as situações que podem ocorrer na rota da seda, como elas afetam as regiões e como essas situações podem trazer instabilidade, e rivalidade entre os líderes. Se eu começar a citar as novas religiões – e a possibilidade de ramificações – eu fico digitando até amanhã.

Mas, debaixo de todos os panos e as dezenas de adições de “All Under Heaven”, ainda é “Crusader Kings 3”. Ele não se transforma magicamente em um jogo onde o sistema de batalha retornou aos moldes de seu antecessor e muito menos vai virar um jogo para criar rivalidade com “Europa Universalis” – especialmente agora que a sequência está praticamente prestes a sair.

All Under Heaven
China, mais conhecida como o país da burocracia em Crusader Kings 3: All Under Heaven

Ele ainda é um jogo sobre pessoas. Pessoas falhas, inaptas para liderarem uma nação, que podem morrer a qualquer momento. Seja por conta de uma trama, seja por conta de uma doença. Se você não gostou do que a Paradox fez até então — e sei que muitos detestam o sistema de legitimidade de “Crusader Kings 3” ou como ele ainda carece de elementos como repúblicas mercantis —, “All Under Heaven” não vai mudar a sua opinião.

Mas depois de anos turbulentos, no qual nós jogadores vimos como espectadores um Grand Strategy cambalear sem direção, “All Under Heaven” é a culminação das dezenas de esforços e adições da equipe da Paradox. É a expansão que converge, que faz até a menor das mecânicas ter um propósito ainda maior. Ela faz com que “Jade Dragon” para “Crusader Kings 2” não seja mais do que um rabisco.

Para mim, é a adição que eu tanto queria. Ver os governos sendo representados — dentro, é claro, das limitações do game —, descobrir novos eventos, novas formas de interagir com personagens, ver drama e mais drama ocorrer por motivos mesquinhos, morrer das formas mais estúpidas possíveis e falhar em atingir as minhas ambições.

Eu não virei imperador da China, não tomei controle do Japão e ainda tenho muito o que apanhar – e aprender – para chegar lá, mas sei que no caminho vou aproveitar cada segundo.

Demorou cinco anos? Demorou, mas preciso retornar ao que falei no começo do texto. Se “All Under Heaven” estivesse incluído no pacote inicial de “Crusader Kings 3”, seria uma imensa dor de cabeça. O jogo não estava pronto para acomodar tamanha quantidade de governos, mecânicas, situações e muito menos os mais variados personagens.

Eu espero que esse seja o ponto de guinada de “Crusader Kings 3” para um futuro próspero. “All Under Heaven” é, de longe, a melhor expansão para o jogo, e uma das melhores da história da desenvolvedora.

Crusader Kings 3: All Under Heaven

Total - 9

9

“All Under Heaven” é uma expansão excepcional para “Crusader Kings 3” não só pelas adições, mas por mostrar a evolução do grand strategy nos últimos cinco anos, seja via DLCs anteriores ou atualizações. O trabalho da Paradox teve seus altos e baixos, mas esse pode ser o ponto de guinada para um futuro próspero para o game. E se é drama que você quer, a região da Ásia tem para dar e vender — e não só pela rota da seda.

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Tags: All Under HeavenanáliseCrusader KingsCrusader Kings 3estratégiaestratégia em tempo realGrand Strategyparadox
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Após trabalhar em revistas e sites como EGW e BABOO, Lucas fundou o Hu3BR pela sua paixão em jogos de estratégia, indies e a interconexão entre sistemas e emoções humanas.

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