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Análise – Vampire: The Masquerade – Bloodlines 2

Lucas Moura por Lucas Moura
17 de outubro de 2025
em Análises, Slider
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Uma das lições mais valiosas que aprendi em quase 13 anos administrando um site foi: Quanto menor a expectativa, menor a dor. Lembro-me do quão eufórico fiquei com o anúncio de “Vampire: The Masquerade – Bloodlines 2”; não tinha como, é uma das minhas franquias favoritas. Desde o anúncio de 2019 houve uma troca de equipes — da Hardsuit Labs para a The Chinese Room — e um processo de desenvolvimento que só posso chamar de “tumultuado”. Depois de pouco mais de 40h jogando “Vampire: The Masquerade – Bloodlines 2” (Steam / PlayStation 5 / Xbox Series S/X), eu afirmo que ele não é o RPG que irá suplantar o clássico de 2004. Mas, por outro lado, essa tarefa seria quase impossível.

“Esse jogo nunca vai superar o primeiro”, foi algo que eu repeti do começo ao fim da minha jornada como um Tremere. Uma escolha que, de cara, já é bem mais limitada do que o primeiro Bloodlines. A The Chinese Room optou por um personagem fixo, um “Elder” – um vampiro que viveu pelo menos mais de 100 anos – e que por motivos desconhecidos entrou em um estado de sono profundo, conhecido como “Torpor”.

As horas iniciais são dedicadas a conhecer o personagem, que se autointitula Phyre, e a atual situação de Seattle. Como ele foi parar lá, por quais razões ele saiu de seu estado de sono profundo — e porque diabos um Malkavian chamado Fabien está em sua cabeça e consegue falar com ele — são algumas das perguntas-chave da trama estabelecida pela The Chinese Room.

Como qualquer outro jogador com um conhecimento relativamente competente de “Vampiro: A Máscara”, ver esses elementos abrocharem na minha frente me fizeram torcer feio o nariz. A minha vontade era de pegar um livro de regras — independente da edição — do RPG e apontar todos os “erros” que a desenvolvedora fez só na premissa inicial. Uma empreitada fútil.

Bloodlines 2
O que você faz quando você acorda e tem um vampiro na sua mente?

Quando eu atingi a minha 10ª hora de jogo, já estava mais do que claro para mim que a The Chinese Room se preocupava em seguir com afinco as regras do RPG de mesa, mas tentar evocar a sensação de que você é um vampiro, de que a Seattle que você habita é uma que poderia muito bem ter sido tirada dos livros de “Vampiro: A Máscara”. E para isso ela se volta para o que ela faz de melhor: narrativa.

Você já se pegou parando só para ouvir uma transmissão de rádio aleatória em um jogo? Aconteceu comigo várias vezes em títulos da Remedy – até então a exceção à regra. Eis que percebi que fiz o mesmo em “Bloodlines 2”. A escrita dos personagens, sejam eles peças centrais da trama como a suposta rainha de Seattle, Lou Graham, ou meras vozes sem corpo em um rádio, é afiada como uma navalha — frases curtas que te atropelam como um caminhão carregado de tijolos.

Nada seria da escrita se não fosse pelo incrível trabalho dos dubladores. Eu não tenho a menor paciência para o estilo pedante dos Venture, e Fletcher – dono de um bar – me dava nos nervos. “Eu juro que eu vou entrar pessoalmente nesse jogo e dar um bofete nele”, comentei em voz alta, e até assustei as pessoas com quem moro. “Está tudo bem, Lucas?”, me perguntaram. “Só um vampiro palhaço me enchendo o saco”, respondi. Ficaram sem entender nada.

Muito como no antecessor, a história foi um dos principais motivos que continuei a jogá-lo. Eu precisava, muito, saber como ela terminaria, quais seriam as minhas oportunidades de apresentar o lado Tremere de Phyre, e como Seattle iria reagir às minhas ações.

Aqui jaz o parágrafo em que eu ia falar para vocês como Seattle é uma cidade fantástica de explorar, de como ela é rica em detalhes e interações aleatórias. Infelizmente, “Bloodlines 2” começa a mostrar os seus maiores problemas quando você está livre para explorar a cidade – se é que posso chamá-la disso.

Bloodlines 2
Ah Lou, charmosa e venenosa.

A Seattle de “Bloodlines 2” mais serve como um hub de onde você pula de quest para quest, e ocasionalmente suga transeuntes que não conhecem a sua real identidade. A quebra da máscara – seja porque você sem querer foi pego no flagra por um policial ou outro cidadão que não tem a menor ideia da existência de vampiros – é mais um inconveniente do que uma real ameaça.

Fuja da cena, pule para o topo de um prédio e aguarde alguns segundos até que a barra no topo da tela saia do amarelo ou vermelho para o verde. De que valem as regras impostas pela Camarilla, não é mesmo?

Em muitos momentos ela me lembrou muito a minha experiência com “Ghostwire: Tokyo”, que também tem uma cidade que atua mais como um pano de fundo para a trama do que um ambiente vivo. Eu não esperava algo do mesmo nível de “Cyberpunk 2077” ou muito menos “Grand Theft Auto”, mas a ausência de eventos aleatórios, ou até uma situação inusitada, a torna um pouco “sem vida”.

Os visuais, por exemplo, são fantásticos. Cada pequena pausa para admirar a cidade, cada quadra com sua identidade própria, o efeito da neve que cai e a névoa que paira sobre a cidade — tudo isso é de deixar qualquer um boquiaberto. Me aproximava das lojas e via as mais diferentes vitrines, como se cada pedaço dela fosse esculpido para eu explorar. Mas a única coisa que eu encontrava eram portas fechadas como uma criança que vai ao shopping, mas não pode entrar em seu local favorito.

Uma nota sobre o desempenho de “Bloodlines 2”

Eu joguei a versão PC de “Vampire: The Masquerade – Bloodlines 2” para produzir esta crítica, e não encontrei problemas de desempenho, quedas na taxa de quadros ou travamentos em uma resolução de 1440p. Vale apontar, no entanto, que o computador usado é um Ryzen 9 9950x3d com 128GB de RAM e uma Geforce RTX 5090, bem longe da realidade média do brasileiro. O jogo tem suporte a DLSS, FSR e geração de frames.


Isso também se reflete na interação com os habitantes do Noroeste Pacífico; que é incrivelmente reativa e com dezenas de variáveis. A roupa que você usa causa uma reação específica em um tipo da população, as respostas são variadas, e eu confesso ter gastado muito mais tempo do que imaginava alternando entre as minhas roupas – obtidas ao desbloquear uma habilidade, mais sobre isso em breve –, só para ver a reação das pessoas. Não tem como olhar para tais eventos e não notar que havia algo a mais ali, um sistema — um conceito — que nunca foi explorado a fundo. As peças para fazerem essa cidade brilhar estão presentes; é inegável.

Bloodlines 2
A Seattle de “Bloodlines 2” é bela, mas carece interação.

Se o exterior decepciona, o interior retorna o brilho. A The Chinese Room já tinha conquistado o meu coração com “Still Wakes the Deep” e seus incríveis cenários. O mesmo se repete em “Bloodlines 2; de hotéis pomposos a construções inacabadas e tomadas por um grupo “anarquista” de vampiros, o jogo transpira a sensação de que cada lugar teve um passado – seja ele feliz ou doloroso. Parte dessa história é contada por meio de anotações espalhadas pelas áreas, parte pelos próprios personagens da trama central. Quando você não está em um desses ambientes para tentar encontrar a peça do quebra-cabeça que falta, certamente estará para outra coisa: matar.

O combate de “Vampire: The Masquerade – Bloodlines 2” é um dos mais “ame ou odeie” que eu presenciei em 2025. Phyre em si já é um personagem poderoso com a capacidade de levitar objetos e jogá-los nos seus inimigos. Juntando essas habilidades básicas às minhas habilidades de Tremere, tornei cada campo de batalha um jogo de gato e rato.

Em uma pegada quase que “immersive sim”, eu me escondia nas sombras, esperava o momento oportuno para os meus inimigos se agruparem, fazia o sangue de um deles ferver, e tacava um objeto para que ele explodisse. Era sangue e tripas para tudo quanto é lado. Seus aliados ficavam perdidos. “Onde ele está?” perguntava um deles, outros xingavam e me ameaçavam.

Quando é hora da pancadaria, “Bloodlines 2” também não faz feio. Há uma boa dose de nuance para os seus golpes – embora a variedade de inimigos deixe muito a desejar. Ainda bem que no calor da ação isso pouco importa; eu desviava, desferia chutes e socos, arremessava canos ou desarmava os oponentes e usava suas próprias pistolas ou espingardas contra eles. Infelizmente, o combate – como outras partes já mencionadas de “Bloodlines 2” – poderiam ter sido muito mais.

Bloodlines 2
Se você seguir a rota de Tremere, como eu, vai adorar invocar adagas de sangue.

A The Chinese Room não capitalizou muito no passado de Phyre para mostrar o quão poderoso o personagem é, e algumas batalhas, especialmente alguns chefões, viram uma dança entre esquiva e soco. Jogue por cima algumas sensibilidades modernas como um limite de uso de habilidades que só é recarregada ao se alimentar de sangue, e mais uma vez a possibilidade de criar cenários ou cenas bombásticas passa como um trem que deixou a estação cedo demais.

O que realmente prejudica o combate e outros elementos do jogo no geral é a limitação de apenas quatro habilidades ativas. Embora seja possível aprender certas habilidades de outros clãs – e eu imagino que muitos fãs de “Vampiro: A Máscara” estejam se contorcendo na cadeira –, o jogo não te incentiva a isso. Eu demorei pouco mais de 12h para obter todas as habilidades principais do Tremere. Usei algumas só uma vez por pura curiosidade. É a anti-experimentação, o jogar no seguro.

“Jogar no Seguro” é o que define as quests secundárias de “Bloodlines 2”. Eu não as chamaria de entediantes, elas definitivamente não são. Muito menos “fetch quests”. Elas – outra vez carregadas pela incrível escrita da equipe da The Chinese Room – dão uma visão mais ampla do que é ser um vampiro em Seattle, mas ao contrário do que eu esperava, pouquíssimas se integram à trama principal. Aprecio que elas estão lá por me ajudarem a conhecer mais dos personagens, mas depois de jogar “Kingdom Come: Deliverance 2” e outros títulos mais recentes, só posso ver isso como outra oportunidade desperdiçada.

Eu chegava a sentir um alívio quando voltava para a trama principal. Momentos dela me deixaram sem palavras e cada vez mais ansioso para conhecer o que viria a seguir.

The Chinese Room usa e abusa de textos para explorar o que é a Seattle de “Bloodlines 2”, pode se preparar para ler muito.

Um dos pontos que a The Chinese Room faz com maestria é intercalar a história de “dois personagens”. Em dados momentos da trama você joga no passado como Fabien, e ainda que esses segmentos sejam muitíssimo lineares, a cadência e a possibilidade de usar habilidades malkavianas – mesmo que por um curto período – elevam esses fragmentos. Não me surpreende, tendo em vista que a desenvolvedora se sobressai quando o assunto é confeccionar narrativa linear. Mais uma vez preciso citar “Still Wakes the Deep” como referência.

Agora, no que tange aos elementos de escolhas e consequências, “Bloodlines 2” tem seus momentos, mas, como o restante do jogo, é carregado para baixo por conta de certas limitações de diálogo e do personagem fixo.

Outra vez o conceito de “jogar seguro” entra em cena, e não encontrei nenhuma situação em que fiquei “impossibilitado” de completar uma quest por ser rude ou fazer algo que não estivesse no “script”. Boa parte das diferenças que notei foram nas respostas dos personagens, pontuais, como um tapinha na mão de alguém que fez uma coisa errada horas atrás, mas só agora recebe a devida “punição”.

Compreendo que com tudo isso pode parecer que a história de “Vampire: The Masquerade – Bloodlines 2” é previsível. Ela não é. As reviravoltas que ela toma da metade para frente, as situações em que me vi irritado com um personagem ou com a maneira como um conflito foi resolvido são demais para colocar apenas em alguns parágrafos.

Bloodlines 2
E em alguns momentos, investigar…. pera, isso ainda é Bloodlines?!

A The Chinese Room dá alguns tropeços nos momentos finais, e certas resoluções não são tão agradáveis de se ver de um ponto de vista narrativo. Em dados momentos me recordei da forma que a Obsidian solucionou algumas quests de “Pillars of Eternity 2” – e se você terminou o RPG, sabe bem do que eu estou falando — monólogos ou parágrafos curtos que não pintam a história completa.

São os pormenores que machucam, como aquele personagem de que você tanto gosta ou com quem tem mais afinidade não ter o “tempo de tela” que você gostaria. Não é o “fim do mundo”, mas uma situação que podia ter sido remediada — quem sabe com uma roupagem mais forte de um RPG.

Imagino que a The Chinese Room tenha se encontrado nessa encruzilhada por anos. Por um lado, a responsabilidade quase impossível de produzir uma sequência para “Vampire: The Masquerade – Bloodlines”, uma empresa que nem de longe tem experiência em RPGs. Por outro, adaptá-lo a uma nova era na qual jogos como “Baldur’s Gate 3” são a exceção, e não a regra.

“Quanto menor a expectativa, menor a dor”. Depois de todos esses anos, eu não esperei que “Vampire: The Masquerade – Bloodlines 2” superasse ou até mesmo chegasse aos pés do seu antecessor. Essa sombra vai pairar em cima da franquia por anos, seja pela nostalgia, seja pelo original ter saído de uma era onde RPGs com sistemas complexos não eram só feitos por desenvolvedoras de pequeno ou médio porte.

O que na realidade ele é, é um fascinante misto de aventura, ação e leves toques de RPG no universo de “Vampiro: A Máscara”. E, depois de anos vivendo apenas de “Secret World Legends”, eu estou mais do que satisfeito. E a The Chinese Room merece os louros por cruzar uma linha de chegada que, para muitos, parecia impossível.

Vampire: The Masquerade - Bloodlines 2

Total - 8.5

8.5

Depois de um desenvolvimento tumultuado, a existência de “Vampire: The Masquerade – Bloodlines 2” é nada mais, nada menos do que um milagre. Ele não supera ou chega aos pés do antecessor. Mas, como um jogo com uma forte narrativa, combate competente, ótima atuação e ambientação moderna, eu não poderia estar mais contente.

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Tags: análiseBloodlinesBloodlines 2críticaMasqueradenarrativaReviewVampire
Lucas Moura

Lucas Moura

Após trabalhar em revistas e sites como EGW e BABOO, Lucas fundou o Hu3BR pela sua paixão em jogos de estratégia, indies e a interconexão entre sistemas e emoções humanas.

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