“Ai Lucas lá vem você com outro deckbuilder com elementos roguelite e metaprogressão”. Calma lá caro leitor/a/e, calma lá que “Deepest Chamber” – disponibilizado nesta quinta-feira em acesso antecipado no Steam – está bem longe do que você conhece sobre deckbuilders.
Vira e mexe eu cito um interessantíssimo, porém pouco conhecido jogo chamado Erannorth Reborn, a meu ver ele é o ápice do design e complexidade em deckbuilder. Ainda que Deepest Chamber não chegue a ser um jogo do mesmo calibre no momento, a equipe da Balcony Softworks – mais conhecida por seu trabalho em Balrum – já desenvolveu um excelentíssimo deckbuilder que me atrai bastante.
A atual versão do game conta apenas com uma área – os esgotos. Nela você pode embarcar em dois tipos de jornada: uma para buscar artefatos e outra que servem como quests. A estrutura de Deepest Chamber é um tanto mais “solta” por assim dizer do que outros jogos do estilo, não há exatamente uma “linha” conectando cada mapa, mas sim uma seleção de mapas com bônus ou prejuízos. Boa parte deles… prejuízos.
É aí que entra o que me deixa tão interessado em Deepest Chamber. A mecânicas base dele são como de outros deckbuilders – use energia, crie combos, faça sinergias – mas além disso há todo um complexo sistema de buffs e debuffs bastante proeminente em cada batalha. Um inimigo que em outro deckbuilder seria considerado um “chefão” aqui é um mero inconveniente. Imagine então dar de cara com um oponente que é capaz de refletir os seus ataques, reviver aliados e ainda utilizar cartas de bloqueio ou se fortalecer? Não é um jogo que você vai ganhar uma run de primeira, pelo contrário, vai ter sorte se completar uma depois de boas horas

Deepest Chamber é o tipo de deckbuilder que requer que você entenda muito bem a intenção de cada inimigo, das sinergias das cartas e como você pode combater o “metagame” e sair vitorioso. Ele tem um log de combate extensivo justamente para você entender o que aconteceu em cada turno.
Já vi turnos onde meus inimigos ativaram magias que refletiam os meus ataques enquanto reviviam seus aliados e ainda aumentavam seu poder de força. Como diabos você contorna isso? Ora, certas cartas possuem atributos especiais que ignoram algumas defesas, podem tornar o oponente vulnerável (negando o aumento de poder dele) e por aí vai.
Tudo isso é só a ponta do iceberg, eu ainda não fiz runs suficientes para dizer o grau de complexidade de áreas mais avançadas, mas já vi arenas de combate que possuem limite de tempo, reduzem seu dano ou sua cura em até 40% ou limita e desativa. É um deckbuilder que vai te fazer sentir miserável. Mas, te garanto que quando você sair vitorioso de uma batalha, é uma alegria parece não acabar.
Eu não gosto de usar o termo “não é para amadores”, mas ao meu ver Deepest Chamber vem para preencher o nicho de deckbuilders para pessoas que estão “cansadas” de variações de Slay The Spire e querem algo mais apimentado. Caso esse não seja o seu estilo, eu recomendo RogueBook, que traz a sua própria dinâmica e ainda assim um ar de frescor.
A Balcony Softworks prevê que ele fique de 12 a 18 meses em acesso antecipado. Ou seja, a versão final só deve dar as caras lá pela primeira metade de 2022 caso os planos sigam como o planejado. Eu já o vejo ele como um jogo com bastante “conteúdo” e que vai te garantir muitas horas ou de diversão ou de frustração; talvez um pouco de ambas, mas recomendo que ou o pegue de cara ou ao menos coloque na sua lista de desejos do Steam.