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Análise – Let Them Trade

Lucas Moura por Lucas Moura
5 de agosto de 2025
em Análises, Slider
0

Você já deve ter ouvido a frase “nunca julgue um livro pela capa”. Para mim, o comentário serve bastante para jogos também; eles não devem ser julgados pelos visuais tampouco. Parece que eu preciso me lembrar disso de tempos em tempos, pois vi “Let Them Trade” (Steam) e pensei “Ah, que bonitinho, um jogo de gerenciamento com um visual similar ao de um jogo de tabuleiro”. Não imaginava que o projeto da Spaceflower ia tirar noites de sono de mim.

O título é mais um da leva que acompanha a popularização das mecânicas de “Anno” desde que “Anno 1800” deu as caras em 2019. Se você não jogou nenhum jogo de gerenciamento desde então, a premissa é relativamente simples. Crie cidades, atenda as demandas dos habitantes – tanto as essenciais quanto as de luxo – e repita o processo com matérias-primas e produtos mais sofisticados. O desafio é lidar com a crescente demanda das cidades e fazer com que a sua produção atinja metas para as dezenas ou, às vezes, centenas de produtos do jogo.

Ao invés de seguir a receita à risca – ainda bem –, “Let Them Trade” reduz a quantidade de produtos e se foca na criação de uma malha de transporte eficaz em um período monárquico. Não espere abrir uma aba e ver mais de 200 produtos, mas pode ter certeza de que você vai abrir menus e se desesperar com a demora para transportar batatas de uma cidade a outra.

A Sunflower estabelece grande parte da identidade de “Let them Trade” nesta mecânica. Nada no jogo é criado “instantaneamente”, como é o caso de certos produtos no já citado “Anno”. Até o produto mais simples de produzir – tábuas de madeira – demora. Uma cidade às vezes vai produzir duas ou três tábuas por minuto, e a quantidade vai estar bem abaixo no necessário para atender a demanda da “nação” ou até mesmo da própria cidade. Eu, obviamente, aprendi isso na base da dor.

Let Them Trade
Aproveite para apreciar os visuais enquanto as suas cidades são pequenas

No alto da minha teimosia e subestimando o jogo, decidi pular o tutorial. “Vai ser fácil de aprender a jogar, eu tenho centenas de horas com Anno, só preciso me adaptar ao novo sistema”, pensei enquanto colocava novas cidades no mapa e as interligava com estradas.

Eis que eu vi o meu tesouro lentamente diminuindo. “Pera, o que está acontecendo”? Abri o modo de visualização de mercadorias e matérias-primas e notei o desastre que tinha criado.

Eu especializei uma das minhas cidades na produção de batata e lã, considerados pelo jogo um alimento essencial e um item de luxo. A cidade em si prosperava, mas a distância das outras cidades era tão grande que o consumo de batata não atendia a demanda.

As cidades dependentes da produção de batata sequer tinham dinheiro para comprá-la, já que a venda dos produtos que elas produziam — no caso roupas e tecidos – saturaram o mercado, o que fez com que o preço deles despencasse. O da batata? Estava nas alturas.

Eu fiquei igualmente perplexo e fascinado. Um sistema de preço dinâmico era a última coisa que eu esperava de “Let Them Trade”. Se fosse um jogo como “Victoria 3” por exemplo, tudo bem, mas não. Estava à frente de um jogo que tinha visuais relaxantes, que imaginei ser algo bom para desestressar. E lá estava eu, atormentado com as minhas decisões.

Let Them Trade
Pois depois você vai ter que lidar com o caos que é administrar todas

Tentei salvar as cidades literalmente as destruindo e as posicionando mais próxima da cidade principal de alimentos. Era tarde demais; os meus cofres estavam vazios e eu praticamente tinha “perdido” a partida.

“Eu estou apaixonado”, disse.

São esses pequenos detalhes que elevam “Let Them Trade” de um mero gerenciador de cidade e mercado a um jogo que traz mais foco em planejamento do que eu sequer imaginava. Agora que eu estava mais afiado e, finalmente, completei o tutorial — não, não me pergunte o porquê de eu fazer isso, e saiba que não vai ser a última vez — e comecei a preparar as minhas cidades de forma mais cautelosa.

Dada a minha natureza perfeccionista, quase obsessiva, um mapa de “Let Them Trade” é igualmente maravilhoso e torturante. “Será que eu devo colocar as minhas minas nessa região? Mas e se o transporte demorar demais para chegar nas cidades que produzem ferro?”. Aquele tipo de pensamento que me fazia rolar na cama de um lado para o outro tentando achar a solução. Sim, infelizmente eu sou assim.

Quanto mais eu investia tempo, mais o jogo abria um leque de opções fascinante para mim. Cada edificação tem múltiplos níveis e tipos de especialização — o que só me fez paralisar ainda mais — e melhorá-las requer um sério gasto em pesquisa. Não dá nem para contar a quantidade de vezes que eu abri o menu de transporte ou o menu de economia para garantir a mínima flutuação de preços para conseguir completar as minhas pesquisas sem entrar em falência.

A árvore de tecnologias é simples, mas eficaz.

O que me fascina ainda mais é que a Sunflower conseguiu o feito com um estilo visual que não necessariamente é o mais “adequado” ou até esperado de um jogo de gerenciamento para as suas diferentes mecânicas.

O processo de transporte de mercadorias ou matérias-primas é “abstrato”, com carroças feitas de madeira (como se tivessem saído de um jogo de tabuleiro) mas extremamente preciso em termos de números. Se uma fazenda de batatas produz três batatas por minuto, pode contar no relógio que esse vai ser o valor exato na velocidade “padrão” do jogo.

Para gerar tensão, “Let Them Trade” implementa um sistema de ladrões. Embora muitíssimo simplificado, foi o suficiente para me fazer entrar em desespero. Eles tendem a surgir nas suas rotas mais rentáveis e, a não ser que você estabeleça patrulhas para pegá-los em meio a um roubo, vai ter que explorar o mapa até encontrar o covil deles. E, adivinha o que você precisa para explorar? Se respondeu “mantimentos”, está corretíssimo.

O tempo que eu demorei para encontrar um mero covil foi ridículo de tão longo. Via os meus alimentos serem consumidos e meus soldados – que você também precisa manter com alimentos – serem dizimados na minha primeira investida. Felizmente, a segunda investida contra o principal ladrão foi bem-sucedida e as minhas rotas estavam seguras. Não ia ser a última vez que eu teria que lidar com ladrões. É uma das grandes constantes que vai te manter sempre atento ao que acontece nas suas rotas de comércio.

Uma pena que é mais ou menos quando o sistema de ladrões surge que a Sunflower deixa a bola cair — ele é a única grande adição para o mid e late game. A ideia da equipe para “Let Them Trade” é ser um jogo mais “aberto”, sem muitos objetivos concretos. Ele te guia por meio de um sistema de conquistas, mas não vai muito além disso. Assim que você conseguir estabelecer cidades rentáveis e prósperas, não há muito mais o que fazer.

Preços dinâmicos roubam a cena e são o ponto alto de “Let them Trade”, mas o jogo carece de eventos que aumentem o desafio.

Por um lado, eu compreendo a decisão. “Let Them Trade” não é para ser um jogo “eterno” tal como “Factorio” ou até o já múltiplas vezes citado “Anno”. Por outro, a desenvolvedora conseguiu recontextualizar tão bem o sistema de mercadorias da franquia da Blue Byte, que não adicionar algumas camadas a mais de tensão ou mais desafios além dos desafios financeiros decepciona.

Eu até fiquei esperançoso que, se eu fizesse todos os mapas, o jogo ia me surpreender com um sistema de eventos, ou situações inusitadas dentro de cidades, mas esse momento nunca veio.

A sensação que fica é que a Sunflower estava com a faca e o queijo na mão, mas não aproveitou a oportunidade de elevar “Let Them Trade” a um patamar ainda maior dentro do escopo dos jogos de gerenciamento. É raríssimo encontrar um título que consegue implementar um tutorial competente, um sistema de variação de preços e um ótimo sistema de transporte de mercadorias baseado em distância e tempo.

Para os perfeccionistas de plantão, ele vai ser um prato cheio – ainda mais com o suporte ao Steam Workshop e uma comunidade vibrante que já criou um mapa gigantesco da Europa. Para os restantes, imagino que ele venha a divertir por algumas horas e nada mais. Não dá para negar que a Sunflower ao menos cumpriu com a sua proposta.

Mas é difícil não olhar e pensar “Poxa, queria que Let Them Trade tivesse um pouquinho mais de interação”. Torço para que a desenvolvedora o revisite — seja em atualizações, DLC, ou mesmo uma sequência. Não duvido que eu mesmo o revisite quando der aquela vontade de estabelecer rotas de comércio, e creio que isso venha a acontecer mais cedo do que eu imagino.

Let Them Trade

Total - 8.5

8.5

“Let Them Trade” pega elementos de uma franquia conhecida – “Anno” – e os recontextualiza de forma primorosa em um jogo que não hesita em te desafiar a pensar e repensar o planejamento de cidades. Infelizmente o desafio para por aí; a falta de eventos ou de mais interação com o cenário dá uma sensação de que “algo está faltando”.

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Tags: análiseestratégiaestratégia em tempo realgerenciamentoLet Them TradeReview
Lucas Moura

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Após trabalhar em revistas e sites como EGW e BABOO, Lucas fundou o Hu3BR pela sua paixão em jogos de estratégia, indies e a interconexão entre sistemas e emoções humanas.

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