Que 2017 está sendo um ano incrível para jogos (e terrível para todo o resto) já é sabido. Já temos alguns favoritos, alguns que julgamos ser “o jogo do ano”, etc. Mas, e os que passaram despercebidos? Aquele jogo que você olha e pensa “será que eu devo dar uma chance? ”. Com mais da metade do ano passada, decidimos já lançar a nossa primeira lista de dez jogos que você precisa jogar.
A lista se focará primariamente em títulos para PC independentemente de estarem disponível via Steam, Itch.io ou outra loja virtual. Vale apontar que alguns podem ser multiplataforma e não inclui jogos em acesso antecipado.
Como em outras listas, não buscamos perfeccionismo, mas sim mecânicas interessantes, assuntos peculiares ou apenas uma boa surpresa em um ano recheado de lançamentos.
The Lion’s Song
Em um ano que temos Thimbleweed Park e Full Throttle Remastered, foi The Lion’s Song (Steam) que me chamou mais a atenção. Como o Diogo pôs em seu texto sobre o game, o tom bucólico e a forma que os personagens descobrem ou refinam seu potencial é algo belo de se ver.
Com primeiro episódio gratuito no Steam, é uma interessante história de superação em uma época que impunha ainda mais restrições e expectativas a certos grupos do que temos hoje em dia.
Afghanistan ‘11
Junto com Labyrinth: The War on Terror (não disponível em versão digital), Afghanistan ’11(Steam) é um dos mais recentes, e importantes, exemplos do funcionamento de mecânicas de contra insurgência dentro de um wargame.
Nele há uma pequena faceta do que é trabalhar com a população local para eliminar potenciais ameaças e também não as prejudica. É uma linha tênue, que poucos jogos tiveram a coragem de demonstrar. Mesmo que careça de certos detalhes, é um excelente trabalho pela Every Single Soldier.
Tokyo 42
Eu já fiz uma análise, eu já comentei em tudo o que é lugar e eu vou continuar a comentar até cansar. Tokyo 42 (Steam, Xbox One, PlayStation 4) é um dos meus destaques do ano. Como o descrevi anteriormente, é capaz de criar uma cidade viva e mostrar que a sua existência é tão importante quanto o design aplicado a ela.
Além do que, tem uma trilha sonora sensacional.
Midboss
Roguelikes tendem a ter classes fixas, ou no máximo um toque de personalização. Midboss (Steam, Itch.io) vai pelo caminho contrário – a classe é definida por quem você possuir. O sistema ganha o meu respeito pela modularidade e acessibilidade. Que tal ser um esqueleto, ou depois uma ratazana? É divertido de ver até onde eu posso levar suas mecânicas ao limite.
Dentre tantos roguelikes (ou lites se você quer discutir semânticas), lançados no ano, que Midboss seja um deles na sua lista.
Furious Angels
Se fosse para fazer um desafio entre Tormentor X Punisher, Devil Daggers, Furious Angels (Steam) e Nex Machina como “jogo que eu mais joguei no intervalo do almoço” eu não sei qual sairia vencedor. Como o menos promovido da lista, coloco então o game da MorfeoDev pois mais pessoas precisam apreciar esta obra.
Da maneira mais direta possível: controle uma nave e sobreviva. O diferencial dele fica para os controles e o sistema de upgrades. Uma hora controla uma nave e dois minutos depois, um tanque voador. Como uma gostosa sobremesa, bom para ser apreciado de tempos em tempos.
Scanner Sombre
Ainda é bizarro pensar que a mesma empresa que criou Prison Architect não teve o menor sucesso com Scanner Sombre (Steam, GOG). Gosto dele pelo seu minimalismo, a forma que usa a pintura de paredes para navegação, quase como uma pintura rupestre digital.
É também um jogo profundamente inspirado pelos estilos de Gone Home e similares, onde a narrativa vem da curiosidade e exposição. Curto, estranho e mágico. Com seis games lançados, a Introversion Software se reinventa mais uma vez.
Localhost
Quanto mais os anos passam, mais eu tenho dificuldade de jogar jogos cujo tema é a morte. Localhost (itch.io) foi uma tortura. Meu objetivo era formatar máquinas, mas que não devia prestar atenção ao que estava dentro delas.
Quando ligadas, algo surgia ali, uma inteligência artificial prestes a ser exterminada. Até que ponto aquilo era humano ou não? Deveria eu me sentir triste por ter que apertar o botão? Há conforto na morte para máquinas? Eu não gosto de pensar sobre Localhost, pois a sensação de incômodo ainda está aqui. Não sei se ela vai embora um dia.
Gunmetal Arcadia
Eu sei, eu sei – você olhou para a imagem e pensou “Ah não, jogo retrô de plataforma não”. Mas calma, Gunmetal Arcadia (Steam) é um caso peculiar. Feito por J. Kyle Pittman da Minor Key Games, empresa fundada com seu irmão David Pittman, ele mostra com um pouco mais de clareza a evolução de uma desenvolvedora.
Enquanto David trabalhava em jogos com ideias mais peculiares (o roguelike Eldritch, o jogo de stealth Neon Struct e bizarro Slayer Shock), Kyle buscava refinar as suas habilidades. Isto se vê ao comparar You Have to Win The Game, Super Win The Game e Gunmetal Arcadia — todos de plataforma.
O último, a culminação de um desenvolvedor que soube unir aspectos de roguelikes, simulação de uma TV CRT e elementos de plataforma / ação. Em uma indústria onde constantemente lutamos para salvar a história, ter esse fragmento tão próximo, é importante.
The Signal from Tölva
Uma das minhas contas favoritas no Twitter é o Uncharted Atlas, um bot que gera mapas fictícios. Sempre que vejo me pego pensando: “Eu gostaria de visitar esse lugar”. De uma estranha forma, The Signal From Tölva (Steam, GOG) supre essa necessidade.
Ambientado em um planeta alienígena onde há a constante batalha entre robôs, há um senso de presença, um peso para o ambiente criado pela Big Robot que poucos jogos conseguem se igualar. Mesmo que já o tenha terminado inúmeras vezes, me pego de volta nele para visitar as paisagens, observar os gigantescos monumentos de origem desconhecida e observar a constante luta por sobrevivência. Uma estranha antropologia misturada com turismo virtual.
Future Unfolding
De todos listados até então, a minha relação com Future Unfolding (Steam, GOG) é a mais complicada de se explicar. Em partes é um jogo de exploração e quebra cabeças, mas também é sobre entender por si mesmo as regras e conhecer um mundo.
A falta de um tutorial ou guia me deixou confuso de início, porém com o tempo eu comecei a perceber algumas qualidades meditativas nele. É um jogo incrivelmente relaxante, que deve ser apreciado em um ritmo diferente da média e que lentamente se abre para o jogador.
Você acha que faltou algum na lista? Quer deixar alguma recomendação em específico. Coloca nos comentários que damos uma olhada!